Total de visitas: 23473
|
Hidrocaldas - SAI-SC
Bandeira | Contos | Fonte de pesquisa | Hino Municipal | Nomenclatura
A denominação do atual município de Santo Amaro da Imperatriz tem recebido diversas alterações, e isto lhe dá uma característica bastante especial. Frei Fidêncio Feldmann descreve na Revista Franciscana nº 13, de abril de 1950, que primeiramente, era denominado "Arraial do Cubatão", nome este tirado do rio Cubatão, que lhe banha as terras. Mais tarde os moradores, necessitando de um local para suas reflexões religiosas, levantaram a primeira capela e dedicaram-na a Sant'Ana. Por esse motivo, o arraial mudou o nome para "Arraial de Sant'Ana do Cubatão.
Sendo pelo ano de 1850 - 1853, construída a nova capela com o orago "Santo Amaro', sofreu a denominação do arraial a uma outra alteração, sendo chamado desde então "Santo Amaro". Foi alterada esta designação, de acordo com o Decreto-Lei Federal nº 3.599, de 06 de setembro de 1941, que regulamentava os topônimos no País. Tal denominação "Cambirela" vigorou de 1º de janeiro de 1944 até o último trimestre de 1948.Devido às reclamações justificadas e contínuas do povo, que não se conformava com o nome pagão", foi revogado o dispositivo anterior, determinando que fosse chamado "Santo Amaro da Imperatriz".
CALDAS DA IMPERATRIZ
A fonte Caldas da Imperatriz foi descoberta em 1813, por alguns caçadores, na Sesmaria concedida a Manoel de Miranda Bittencourt, situada no território de São José. Informado do fato, o Governo resolveu enviar para aquele ponto um destacamento de milicianos, para dela tomar conta e encarregar-se de sua conservação. Privados os silvícolas da abundante caça que se encontrava na região, atacaram os milicianos em 30 de outubro de 1814, exterminando o destacamento e incendiando a palhoça que lhes servia de quartel Tal acontecimento está, até hoje, assinalado por uma placa de mármora aposta no hotel, como homenagem aos milicianos trucidados. "Datam, de 1817 os primeiros atos dos poderes públicos tendentes a aproveitar as caldas, até então entregues ao povo ignorante"..
A primeira manifestação oficial a respeito de Caldas da Imperatriz ocorreu com o pronunciamento do governador da Província de Santa Catarina, cel. João Vieira Tovar de Albuquerque, publicado em 2 de fevereiro de 1818.
Outra ação oficial foi o decreto do dia 18 de março de 1818, baixado S.M. o rei D. João VI, o que é considerado a primeira lei de criação de uma Estância Termal no Brasil.
Eis um trecho:
" ...Hei por bem aprovar o Projeto oferecido pelo governador da sobredita iha de Santa Catarina, da ereção de um Hospital no lugar daquelas águas, com as convenientes acomodações, abrindo-se
em todo este Reino uma subscrição de Donativos, para cuja validade Sou Servido Conceder a precisa Licença: E para fundo e património do mesmo Hospital, que ficara debaixo da minha imediata Proteção e se regulará pelos Estatutos do das Caldas da Rainha no que for aplicável..."
A construção do hospital foi iniciada no governo do coronel João Vieira Tovar e Albuquerque, sendo o administrador das obras o capitão Mariano Corrêa Borges.
Almeida Coelho descreve bem a falta de interesse em administrar o dinheiro público, "além disso, o desmazelo de um lado e a maldade do outro, tiveram a repressível habilidade de tudo destruir, ao ponto de ser preciso, aos que iam aos banhos, construírem barracas ou choças para se acomodarem".
No dia 12 de maio de 1835, o presidente da província. Feliciano Nunes Pires, sancionou a Lei nº 16, encarregando a administração da Câmara Municipal de São José para que arrecadasse da província o dinheiro prometido e vencido, para a construção de uma casa com dez alcovas para cômodo dos enfermos.
"A Câmara de São José nunca tratou de pôr esta lei em execução".
Em 1843, a província passa para a direção do marechal de campo, Antero José Ferreira de Brito. Através do Decreto Provincial nº 164, é aberto uma subscrição, sensibilizando várias províncias como a do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Laguna e outras, procurando, assim, auxílios para a construção do hospital.
Três projetos foram encaminhados ao presidente da província, marechal de campo Antero José Ferreira de Brito, foi escolhido o do tenente-coronel de engenheiros Patrício Antônio de Sepúlveda Everard, trançando um "edificio de alvenaria coberto de telhas, com 252 palmos de frente, com 48 de fundos, 20 quartos para enfermos, uma sala e outras acomodações indispensáveis. Orçada a despesa, só quanto aos materiais, em 9:640.00 réis".
A luta do presidente da província para satisfazer o seu intuito foi árdua. A abertura das subscrições anteriormente citadas conseguiu sensibilizar S. Majestade a Imperatriz, "dignando-se a aceitar o título de Protetora do Hospital das Caldas, permitindo que estas se denominassem Caldas da Imperatriz" (6), dando um auxílio de quatrocentos mil réis para a construção da casa.
Com este dinheiro pôde o presidente da província fazer em Caldas o seguinte:
"Cobrir convenientemente o tanque para banhos, fazer uma casa com quatro alcovas mobiliadas, duas varandas, boa cozinha e mais alguns ranchos; aplainar o caminho e torná-lo transitável para carros; que tinha grande quantidade de madeiras e uma parte destas, já preparada, bem como outros materiais para dar princípio à obra do hospital."
Em 1847, o mesmo presidente, em seu relatório, refere-se ao Hospital das Caldas da Imperatriz, dizendo que o mesmo tivera um grande impulso; que a metade do edifício fora levantada e coberta de telhas. No mesmo ano já se pôde acomodar até 40 enfermos.
"Com este Hospital, a província dispendeu, até o ano de 1876, quantia superior a 50,000$000. Foi neste ano freqüentado por 29 enfermos, dos quais saíram curados 3 e melhorados 12".
Em 1932, o Hotel foi ampliado pelo Governo com a construção de mais 22 quartos, que foram ocupados, durante alguns anos, por pessoal do Ministério da Saúde, encarregado da erradicação da malária em toda a região.
Em 1942, através do manifesto nº 1042/42 de 25/03/1942, foi dado ao Governo do Estado de Santa Catarina o direito de lavra das fontes "Caldas da Imperatriz".
Em 1976, o Governo sustou a concessão de exploração da estância; manteve o estabelecimento fechado por um ano, procedendo ampla reforma.
No ano seguinte, o Governo Estadual criou a Companhia Hidromineral Caldas da Imperatriz.
Em 1978, a Companhia Hidromineral participou do empreendimento com a Rede PIaza de Hotéis, possibilitando a construção do hotel, em funcionamento desde 1981.
ARRAIAL DO CUBATÃO
É provável que por volta de 1795 tentam chegado os primeiros desbravadores do então "Arraial do Cubatão". Segundo Lupércio Lopes, a localidade começou a ser povoada por família de origem açoriana que se transferiram do litoral das vizinhas localidades de São José e Enseada do Brito, tempos em que o Arraial ainda era coberto de matas virgens e de índios.
Mais tarde, famílias de origem alemã, que se retiraram da Colônia de Teresópolis, também fixaram residência no Arraial, famílias estas que iniciaram as atividades dos trabalhos na lavoura, construção de engenhos de açúcar, farinha de mandioca e de serras de madeira.
Das fàmilias Andrade, Neves, Abreu, Ferreira e Souza nasceram os primeiros habitantes.
"O antigo arraial, então conhecido por Sant'Ana do Cubatão, fazia parte da paróquia de São José. Limitava-se ao sul com a paróquia de Nossa Senhora do Rosário da Enseada de Brito, pelo rio Braço de São João; a leste e norte, com a de Sáo José pelo morro dos
Quadros (ou Baltazar) e morro da Taquara e com a Colônia de Teresópoli.s, pelo morro da Vargem Grande (ou Taboleiro)."
"A sua extensão máxima de leste a oeste era, aproximadamente de dezesseis quilómetros; outros tantos se contavam do sul a norte. O seu território assemelha-se a uma grande bacia fechada entre morros, exceto pelo lado do mar, em que é semeada de colinas e morros maiores, cortadas por vales e uma parte plana, margeando os rios principais. O rio Cubatão tem seus mananciais no morro do Capivari, depois de recebidos os confluentes dos rios do Salto, São Miguel e rio dos Bugres, na esquerda; na direita, o rio dos Porcos e Vermelho todos no território de Teresópolis e Santa Isabel; atravessa todo o distrito de Santo Amaro, onde recebe, na sua esquerda, o Forquilhinha e o Riacho; e na direita, o rio Braço de São João vindo desaguar na laguna de Santa Catarina, em frente do ponte de Caiaganga, depois de percorrer cerca de setenta quilômetros."
Lupércio Lopes além de descrever geograficamente os rios da região, também navegou através das palavras nas águas do rio Cubatão, assim narrando na época:
"O próprio rio, em suas curvas, mostrando altas rebanceiras sobre suas praias de brancas areias, água correntosa e límpida, dá aos lavradores de ambas as margens, via de comunicação franca e fácil. Por ela são conduzidos os cereais, os produtos de suas fábricas, os lacticínios, etc, aos mercados da capital em canoas bordadas, carregadas rio abaixo, enquanto os demais veículos terrestres, pela estrada geral, transitam constantemente repletos de gêneros coloniais, destinados à sede da vila, de onde são enviados para o mercado de Florianópolis. Distante dez quilómetros da freguesia, o rio deixa a sua mudez; as águas deixam a sua quietude, para ouvir-se então uma forte zuada, proveniente de águas irrequietas, cobertas de brancas espumas, mais clara do que a neve, a anunciar que o viajante se aproxima de uma admirável cascata. A cachoeira sobre o rio Cubatão, tem a altura de sessenta metros da queda aproveitável; a descarga do rio, em litros por segundo, foi verificada ser de 4.500 litros ."
Estes estudos foram concluídos por uma comissão de engenheiros franceses a pedido do governador sr. Coronel Vidal Ramos, que objetivava na época, a construção de uma via férrea Estreito - Lages. Os resultados destes estudos foram dados pelo engenheiro H. Delton, em 12 de maio de 1912.
SANT'ANA DO CUBATÃO
O antigo arraial, então conhecido por "Sant'Ana do Cubatão", fazia parte da paróquia de São José.
"Presume-se que pelos anos de 1837 a 1839" ('3) fui construída uma capela, no local chamado morro da Tapera (também conhecido como " Morro do Eusébio"), então propriedade do fazendeiro Joaquim Alexandre de Campos, pelos habitantes que professavam a religião católica apostólica romana. A padroeira do Cubatão era Nossa Senhora de Sant'Ana, de tamanho regular, trabalhada em madeira, ornamentada com pintura em ouro.
"Essa imagem foi trazida por religiosos colonizadores, talvez de Galiza, uma das regiões históricas mais antigas da Espanha. Papai comprou-a, na época em que ele foi prefeito da Palhoça, de uma senhora já bastante idosa que morava no Sul do Rio. Como ele soube que esta imagem pertencera à primeira capela, então achou por bem comprá-la e doá-la á Matriz de Santo Amaro. Temos uma anotação de papai com referência ao custo de vinte mil réis, pagos à senhora que estava com a posse da primeira padroeira do então Sant'Ana do Cubatão".
Foi nesta capela, no morro da Tapera, que em 1845 os imperadores D. Pedro de Alcântara e sua esposa Tereza Cristina foram festivamente recebidos.
"Celebrando o vigário-arcipreste da freguesia de São José, padre Macário, solene Te-Deum em ação de graças, pela honrosa visita que faziam os estimados monarcas. Presentemente, da referida capela nada mais existe, além de sua primitiva padroeira destronada."
Esta imagem encontra-se hoje na residência dos padres franciscanos Santo Amaro da Imperatriz.
SANTO AMARO
Com o aumento da população, a capela foi ficando pequena. O povo resolveu então, escolher um novo local, mais espaçoso para a edificação de uma outra igreja. Assim, no ano de 1850, foi colocada a pedra fundamental da Capela Matriz. Obra esta administrada pelo padre Macário, e levantada com os esforços do povo cristão da localidade.
Do livro Tombo da Matriz, dentre as muitas ofertas, sobressaem:
"O alta-mór - Pelo major Joaquim Alexandre de Campos; O sino - Pelo coronel Gaspar Xavier Neves; A lâmpada para o Sacramento - Pelo lavrador José Bento; A imagem de N. S. do Rosário -Pelo povo".
"A imagem de Santo Amaro, de tamanho natural, atualmente padroeiro da Paróquia, quanto à sua aquisição, tem uma história um pouco complicada. Não se sabe quem a incomendou, onde foi feita e quem a remeteu para a sede do Arraial de Sant'Ana do Cubatão". O trabalho de edificação da Igreja durou mais ou menos três anos. Um pouco antes de sua conclusão, chegou ao arraial, devidamente encaixotada, uma grande imagem de Santo Amaro. Tal aconteci mente provocou surpresa e admiração. A imagem foi guardada pelo padre Macário, afim de ser entregue a quem de direito reclamasse. Assim, foi depositada no sobrado domiciliar do antigo morador João Manoel Bach durante seis meses. Concluída a igreja, e como ninguém tivesse reclamado a imagem, resolveu o sacerdote e pessoas de destaque, retirá-la do sobrado e entronizá -la com as devidas formalidades, passando assim o arraial a denominar-se 'Santo Amara do Cubatão".
Aos poucos, os habitantes começaram a agir para a conquista de melhores estradas e que a criação de uma nova freguesia fosse ali estabelecida. Assim, os organizadores foram até o presidente da província, e para reforçar, logo em seguida enviaram uma abaixo assinado.
O presidente da Província, sensibilizado pelo pedido dos habitantes, dirigiu um ofício ao vigário Arcipreste - Macário César d' Alexandria, pedindo informaçóes.
Assim sendo, vinte e seis dias após a informação do vigário de São José, a Assembléia Provincial despachou favoravelmente. Lei nº 371 sob resolução de 29 de maio de 1854, João José Coutinho, presidente da Província, diz em seus arts. 1 e 2:
A rt. 1º - O território do Cubatão, compreendido entre a foz do rio do Braço e o morro do Baltazar ao norte do Pagará, seguindo até o de Taquara a oeste, fica desmembrado da paróquia de São José para formar uma nova freguesia, com a denominação de Santo Amaro.
Art. 2º.- A capela existente neste lugar servirá de matriz.
Quando a notícia da resolução chegou ao conhecimento dos habitantes da freguesia Santo Amaro do Cubatão, promoveram diversas festas.
"Com o aumento crescente da população a capela-matriz tornou-se pequena demais e surgiu a idéia de levantar uma matriz nova e espaçosa. Frei Jacob Hoefer tornou-se a alma do movimento pró nova matriz. Graças a sua iniciativa pode ser iniciada em 22 de setembro de 1907, numa festiva solenidade a colocação da pedra fundamental do novo edifício."
CAMBIRELA
A denominação Santo Amara foi substituida pela de Cambirela, em virtude do Decreto-lei Federal nº 3.599, de 6 de setembro de 1941 pelo qual deverá ser eliminada a duplicata de nomes de cidades e vilas em todo o País.
O art. 7º do mesmo Decreto-lei diz que "quando houver várias localidades (cidades e vilas) com o mesmo nome, este será mantido somente para a de mais categoria e, no caso de haver diversas com a mesma categoria, prevalecerá o nome para aquela que o tiver há mais tempo".
Assim sendo, a antiga denominação da Vila de Santo Amaro foi substituida pela de Cambirela. em virtude da conhecida legislação federal reguladora do assunto, que procurava evitar no País, que mais de uma localidade tivesse a mesma designação. "Devido a existência no País de seis localidades por Santo Amaro, cinco delas sofreram modificações, mantendo-se apenas a do Estado da Bahia.
Assim, as de Sergipe, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, passaram, respectivamente, ás seguintes denominações: Santo Amaro das Brotas, Santo Amaro de Campos, Queluzinho, Cambirela e Amarápolis".
Uma comissão foi nomeada pelo senhor interventor dr. Nereu Ramos "Comissão Revisora do Quadro Territorial' para fazer os estudos da repetição de topônimos de cidades, em Santa Catarina passando a nova denominação a vigorar inalteravelmente, de 1º de janeiro de 1944 até 31 de dezembro de 1948".
Mas a comunidade santo-amarense não se conformava como nome de CambireLa. Não haveria inconveniente na adoção do nome proposto pelo peticionário, se aquele tivesse um significado tradicional ou histórico.
Assim sendo, em finais do ano de 1948, a comunidade se organizou através de um abaixo-assinado endereçado ao sr. governador, deputado José Boabaide, porque ele manifestou interesse em atender realmente aos anseios do povo santo-amarense na questão da mudança do nome. O abaixo-assinado propunha duas alternativas: Santo Amaro da Imperatriz ou Santo Amaro do Cubatão. Todos os assinantes foram unânimes, manifestando-se por Santo Amaro da Imperatriz.
" Tendo o Sr. Governador, Deputado José Boabaide, manifestado o seu desejo em atender, realmente, aos anseios do povo santo-amarense na questão da mudança do nome, solicita-se a opinião dos que queiram intervir no assunto, cooperando para expressar o verdadeiro pensamento em relação à mudança."
SANTO AMARO DA IMPERATRIZ OU CUBATÃO
O projeto da mudança do nome de Cambirela para Santo Arnaro da Imperatriz entrou na Assembléia. Não foram encontrados todos os documentos que haviam sido anexados na época.
Um dos documentos assinado pelo relator Cid L. Ribas e aprovado por unanimidade, pela comissão técnica em 21/9/48, consta nos arquivos da Assemb]éia - SC.
Não foi conseguido precisar a data, ou a lei com que a nova denominação Santo Amara da Imperatriz começou a vigorar, mas foram encontradas referências à nova designação em Diário Oficial do último trimestre de 1948.
|
|